R.R.Sant'anna
domingo, 31 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
Insânias noturnas
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Aquarela
sábado, 16 de janeiro de 2010
Bucólicos dias
Mal amanheceram esses dias bucólicos
E uma neblina insana pairou-se no ar
Eu não podia ver nada, nem minhas cálidas mãos
O amarelo das folhas expeliam calmarias no vento mórbido
Entretanto, por um instante, um súbito mal me ocorrera
As apaixonantes vibrações que antes alegravam a paisagem
Transformaram-se em réstias de irretornáveis dias
Loucas horas passaram despercebidas
Minutos completamente desperdiçados
Segundos que pulsaram para o infinito nada
Milésimos momentos de concretas ruínas
Mas recordei-me da aurora
Das vestes cintilantes
Do relógio que ainda estava por vir
Então meio que de repente
Ví pássaros acenando beijos
Avistei sóis e luas bailando nas ruas
E todo aquele horizonte respirava a paz em mim
E uma neblina insana pairou-se no ar
Eu não podia ver nada, nem minhas cálidas mãos
O amarelo das folhas expeliam calmarias no vento mórbido
Entretanto, por um instante, um súbito mal me ocorrera
As apaixonantes vibrações que antes alegravam a paisagem
Transformaram-se em réstias de irretornáveis dias
Loucas horas passaram despercebidas
Minutos completamente desperdiçados
Segundos que pulsaram para o infinito nada
Milésimos momentos de concretas ruínas
Mas recordei-me da aurora
Das vestes cintilantes
Do relógio que ainda estava por vir
Então meio que de repente
Ví pássaros acenando beijos
Avistei sóis e luas bailando nas ruas
E todo aquele horizonte respirava a paz em mim
R.R.Sant'anna
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Andava a lua nos céus
Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas
Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze
Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho
Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.
Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha..., até cair.
(António Botto)
Última estrela
Última estrela a desaparecer antes do dia,
Pouso no teu trêmulo azular branco os meus olhos calmos,
E vejo-te independentemente de mim;
Alegre pelo critério que tenho em Poder ver-te
Sem "estado de alma" nenhum, sonho ver-te.
A tua beleza para mim está em existires
A tua grandeza está em existires inteiramente fora de mim.
Pouso no teu trêmulo azular branco os meus olhos calmos,
E vejo-te independentemente de mim;
Alegre pelo critério que tenho em Poder ver-te
Sem "estado de alma" nenhum, sonho ver-te.
A tua beleza para mim está em existires
A tua grandeza está em existires inteiramente fora de mim.
Alberto Caieiro - Poemas Inconjuntos - Fernando Pessoa
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Verger in Bahia - Cotidiano material, simbólico e imaginário
The beast
Fogo Azul
Ao romperem os diques das horas
Ao ladrar dos lobos
Ao escorrer a brisa lunar
No seio noturno quero estar
Preencherei as rachaduras do tempo
Prepararei o alimento
Tomarei o café de todas as manhãs
Perfumarei as folhas do seu jardim
Não quero efemeridade
Quero preencher as rachaduras do tempo
Quero as estações ultrapassar
Esperarei o frio e as flores
Para que no calor possa te adorar
Este mar lança-me fogo
Ah o que é este fogo azul?
Essa chama que vem e traz?
Que arrepio quente é esse?
Que aumenta o desejo de atravessar
O mar que habita em seu olhar
Ao ladrar dos lobos
Ao escorrer a brisa lunar
No seio noturno quero estar
Preencherei as rachaduras do tempo
Prepararei o alimento
Tomarei o café de todas as manhãs
Perfumarei as folhas do seu jardim
Não quero efemeridade
Quero preencher as rachaduras do tempo
Quero as estações ultrapassar
Esperarei o frio e as flores
Para que no calor possa te adorar
Este mar lança-me fogo
Ah o que é este fogo azul?
Essa chama que vem e traz?
Que arrepio quente é esse?
Que aumenta o desejo de atravessar
O mar que habita em seu olhar
R.R.Sant'anna
Ao entardecer
Quero inclinar na sua janela ao entardecer
Magia em amarelo-fogo
Nessa hora em que bate um vento de saudade
Toco a atmosfera onde reinam as caducas
Outra frente chega
Magia em amarelo-fogo
Nessa hora em que bate um vento de saudade
Toco a atmosfera onde reinam as caducas
Outra frente chega
Outras hão de passar
Cheiro o úmido polar
E ao findar dessa paisagem
Cheiro o úmido polar
E ao findar dessa paisagem
Acordam cores no horizonte, tuiuiús retornam ao ninho
Beija-flores destilam o suco da terra
Simininas cirandam sob as luzes de luanas
Desposam na rede caminhos que se encontram
Repousa em teus lábios o jambo-anil
Em teu olhar, beijo de terra molhada
No tato, lembranças de tabaco
No peito, negraria encaracolada de céu e mar
Mãos que não querem calar
Contemplam olhares em assombro
Respiram seriedades eruditas
Notas em feliz melancolia
Reescrevem-se num mundo de bem e de querer...
Beija-flores destilam o suco da terra
Simininas cirandam sob as luzes de luanas
Desposam na rede caminhos que se encontram
Repousa em teus lábios o jambo-anil
Em teu olhar, beijo de terra molhada
No tato, lembranças de tabaco
No peito, negraria encaracolada de céu e mar
Mãos que não querem calar
Contemplam olhares em assombro
Respiram seriedades eruditas
Notas em feliz melancolia
Reescrevem-se num mundo de bem e de querer...
R.R.Sant'anna
Quero estar em ti
Não sou Pessoa, nem Botto
Muito menos Rosa ou Andrade
Versos modestos compõem a oferenda
Apenas um reflexo sou
Do sorriso sonhador
Imaginativo ser na solidão
Das jazidas do meu pulsar
Brotam escondidos verbos
Nascem chamas em prosa
Derrete a cera para orar-te
Não te esqueças do nosso livro da vida
Senão tudo será falácia
Tudo que contornamos não passará de engano
Tornar-se-ia mancha o imaculado perfume
Poetizaste minha existência
Imortalizaste a íris da alma
Não deixes nosso mar virar lago
Que não deixo nosso céu tornar-se branco
Muito menos Rosa ou Andrade
Versos modestos compõem a oferenda
Apenas um reflexo sou
Do sorriso sonhador
Imaginativo ser na solidão
Das jazidas do meu pulsar
Brotam escondidos verbos
Nascem chamas em prosa
Derrete a cera para orar-te
Não te esqueças do nosso livro da vida
Senão tudo será falácia
Tudo que contornamos não passará de engano
Tornar-se-ia mancha o imaculado perfume
Poetizaste minha existência
Imortalizaste a íris da alma
Não deixes nosso mar virar lago
Que não deixo nosso céu tornar-se branco
R.R.Sant'anna
Adormeci no MAR
Depois de toda aquela agitação noturna,
depois de ver o balé das arraias voadoras,
depois de arder no abraço da medusa,
de quase sufocar nos tentáculos de flores,
de me banhar no azul-celeste,
de sentir o cardume rosado a me relar no seu vai-e-vem,
de mergulharem nas marianas do relevo,
de ecoar o canto da sereia...
dormi nas águas serenas do meu MAR...
Lua era sol a vibrar em mim ...
um punhado de estrelas piscavam infinito...
cavalos, lobos, leões...
todos aqueles seres a me fitar...
não conseguiam entender como um céu todo poderia deitar-se nas águas daquele MAR...
Ah meu MAR!...
imensidão de querer, de palavras tiradas do vento, clássica vibração nos tímpanos, ópera desconcertante, vozes velejantes, correntes que levam e trazem, águas de sal transformada em doce...
com tua fonte, nunca serei Saara...
nunca virarei Atacama...
Serei sempre Amazônia, Pantanal ou Cerrado...
Serei Chapada dos Guimarães...
bebo da tua água... porque sem ela,...
sem ela já não posso mais...
morrerei de sede...
no deserto das almas
depois de ver o balé das arraias voadoras,
depois de arder no abraço da medusa,
de quase sufocar nos tentáculos de flores,
de me banhar no azul-celeste,
de sentir o cardume rosado a me relar no seu vai-e-vem,
de mergulharem nas marianas do relevo,
de ecoar o canto da sereia...
dormi nas águas serenas do meu MAR...
Lua era sol a vibrar em mim ...
um punhado de estrelas piscavam infinito...
cavalos, lobos, leões...
todos aqueles seres a me fitar...
não conseguiam entender como um céu todo poderia deitar-se nas águas daquele MAR...
Ah meu MAR!...
imensidão de querer, de palavras tiradas do vento, clássica vibração nos tímpanos, ópera desconcertante, vozes velejantes, correntes que levam e trazem, águas de sal transformada em doce...
com tua fonte, nunca serei Saara...
nunca virarei Atacama...
Serei sempre Amazônia, Pantanal ou Cerrado...
Serei Chapada dos Guimarães...
bebo da tua água... porque sem ela,...
sem ela já não posso mais...
morrerei de sede...
no deserto das almas
R.R.Sant'anna
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